São Paulo, 01/12/2025 - Cólica intensa, sangramento prolongado durante a menstruação e dificuldade para engravidar são alguns sintomas que podem levar ao diagnóstico de adenomiose, alteração benigna do útero causada por um crescimento anormal de parte do endométrio, tecido que reveste a cavidade uterina.
Essa região do corpo feminino é mais conhecida por outra doença, a endometriose, mas também abriga mais problemas com alta frequência no Brasil. De acordo com o médico ginecologista Jardel Pereira Soares, especialista no tema, no caso da adenomiose, a incidência é de 20% a 35% das mulheres em idade reprodutiva, especialmente entre 20 e 45 anos.
Contudo, também requer atenção especial em mulheres na perimenopausa e climatério. Confira a seguir cinco perguntas sobre esse tema respondidas pelo especialista:
O que é adenomiose?
A adenomiose é uma alteração benigna caracterizada pela infiltração de tecido endometrial para dentro do músculo uterino (miometrio), causando inflamação crônica, aumento do útero e dor progressiva. Muitas vezes é descoberta quando apresenta os sintomas mais comuns, como: sangramento intenso, aumento do volume uterino e dor pélvica.
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Quais são os sintomas da doença?
A adenomiose pode provocar também dismenorreia severa (dor no período menstrual), fadiga, anemia, dor na relação sexual e impacto significativo na qualidade de vida, explica o ginecologista. "Também está associada à infertilidade, afetando até de 30% a 40% das pacientes, devido à alteração da contratilidade uterina, da zona juncional e da receptividade endometrial, dificultando a implantação do feto", observa.
Também por isso é uma das causas dos insucessos na gestação espontânea e nas fertilizações, levando a episódios de abortos, mais comumente na adenomiose avançada, chamada de adenomiose difusa.
Como identificar adenomiose?
A análise médica é feita com base nos sintomas apresentados pela paciente. Na suspeita, pode-se solicitar exames complementares, como ultrassom transvaginal ou ressonância nuclear magnética da pelve, que mostra com detalhes o útero, o endométrio e a pelve como um todo.
Quais são os tratamentos atuais?
O tratamento inclui terapias hormonais, dispositivo intrauterino (DIU) de levonorgestrel, analgésicos, e, em casos selecionados, cirurgia, podendo chegar à histerectomia em situações graves. "A tecnologia do uso da radiofrequência tem se mostrado um tratamento efetivo e ultra minimamente invasivo no tratamento da doença", observa Soares.
De acordo com o Ministério da Saúde, entre os tratamentos disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), está disponível a prescrição de contraceptivos hormonais e anti-inflamatórios que podem melhorar os sintomas, com outras práticas que podem ser adotadas conforme a necessidade de cada caso, entre paciente e profissional de saúde.
O que acontece com a adenomiose na menopausa?
Segundo Jardel Pereira Soares, a adenomiose tende a diminuir progressivamente com a chegada da
menopausa. Isso acontece porque ela é uma doença estrogênio dependente, ou seja, a ação do hormônio estrogênio faz com que ela se desenvolva.
No entanto, o médico ressalta que
pacientes na perimenopausa e climatério requerem cuidados, especialmente em relação à reposição hormonal apenas com estrogênio, que pode reativar a doença e intensificar seus sintomas. "Muitas vezes pode-se optar em realizar a histerectomia (retirada do útero) antes de iniciar a
reposição hormonal, segundo os consensos mundiais", explica.
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A prevenção não é absoluta, mas o uso de hormônios, como progesterona ou combinados de progesterona e estrogênio, diminuem os sintomas e podem levar a redução de procedimentos cirúrgicos, complementa Soares.