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Galisteu quer "normalizar a menopausa" em novo livro em parceria com médico

Bruno Fioretino/Divulgação

Adriane Galisteu: "A minha intenção não é romantizar, mas sim normalizar a menopausa" - Bruno Fioretino/Divulgação
Adriane Galisteu: "A minha intenção não é romantizar, mas sim normalizar a menopausa"
Bianca Bibiano
Por Bianca Bibiano bianca.bibiano@viva.com.br

Publicado em 24/11/2025, às 14h41

São Paulo, 24/11/2025 - Embora a menopausa seja um dos temas pop da atualidade, muitas vezes ela ainda surge envolta em desinformação e estigmas. Para se unir ao coro de mulheres que têm buscado desmistificar o assunto, a apresentadora Adriane Galisteu lança no próximo mês o livro "Menopausa sem Mistérios - o seu guia para viver bem após os 50 anos" (Citadel), escrito em parceria com o médico ginecologista André Vinícius.

O VIVA teve acesso antecipado à obra e entrevistou os dois autores.

A narrativa mescla relatos pessoais de Galisteu, uma das figuras mais conhecidas da televisão brasileira, atualmente com 52 anos, e explicações técnicas apresentadas de forma didática pelo médico especialista.

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"Quando eu me deparei com a questão, eu não tinha nem para onde correr. Eu tinha só os sintomas, mas nenhuma solução. Eu percebi que eu não deveria passar por isso sozinha e queria mostrar para outras mulheres que elas também não estão sozinhas. Minha intenção não é romantizar, mas sim normalizar a menopausa", afirma Galisteu.

Já André Vinícius, que é médico pessoal  da apresentadora e autor de outras obras sobre saúde feminina, enfatiza que a condição não faz distinções quanto a classe social ou raça, impactando todas as mulheres da mesma maneira.

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"A menopausa não escolhe CEP, raça, perfil socioeconômico. Ela vai chegar para toda e qualquer mulher por volta dos 47 aos 51 anos, que é a média de idade, independentemente de onde ela mora ou como escolheu viver sua vida", diz o médico.

Por isso, ele defende a importância do correto diagnóstico dos sintomas e a ampliação dos tipos de tratamento, incluindo reposição hormonal e estratégias de autogerenciamento. "Queríamos desconstruir essa ideia de que a menopausa da famosa é mais fácil, não é exatamente assim", destaca o médico. Confira a seguir mais detalhes sobre o lançamento.

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A caminhada pessoal de Galisteu na menopousa

Ao VIVA, Galisteu contou que a menopausa chegou para ela com impacto inesperado, afetando uma carreira dinâmica e uma vida pessoal ativa.

"Quando eu me vi nessa situação, eu tinha uma agenda cheia. Eu estava me arrastando para cumprir a agenda, estava muito cansada, dormindo muito mal, triste, me sentindo feia, cabelo caindo, não estava entendendo o motivo, brigando com casa", diz, citando alguns sintomas.

Nem eu estava me suportando. Eu não queria acreditar que isso estava acontecendo comigo, porque eu comecei a me transformar numa pessoa que eu não reconhecia, parecia que eu não ia ter mais controle da minha própria vida".
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Capa do livro de co-autoria de Adriane Galisteu, com lançamento previsto para dezembro - Divulgação

Sua determinação em enfrentar os sintomas a levaram à parceria com o médico que há três anos a acompanha no tratamento.

"O doutor André Vinícius foi quem me ajudou muito nesse processo, teve muita paciência e cuidado comigo, me deu uma aula e me tirou desse buraco da desinformação, e eu percebi que eu não precisava passar por isso sozinha".

Galisteu observa que o livro não se propõe a ser uma 'leitura corrida', mas sim um livro de consulta, focado em ferramentas práticas, como um cheklist de sintomas e ferramentas de autogestão.

"Fico pensando na minha mãe e nas mulheres de outras gerações que não podiam nem falar da menopausa, nem comentar sobre esse assunto, porque elas já eram descartadas. Esse é um pavor da vida da mulher moderna, que é independente, trabalha, tem filho e uma vida corrida. Não dá para pensar que alguma coisa pode pará-la, ainda mais uma menopausa."

Nesse sentido, ela conta que rever a jornada da menopausa a ajudou a recuperar quem era. "Eu voltei a me reconhecer, eu voltei a ter rédea da minha vida, a dormir melhor. Ainda não estou 100%, mas hoje eu percebo a menopausa como mais uma curva da vida, não a estação final."

E ela não pretende parar:

"Se você não se trata, a menopausa pode te parar no auge da sua vida. No auge dos meus 52 anos tenho um monte de planos, me sinto ótima, me sinto pronta para tudo". 

Segundo a apresentadora, com 50 anos a mulher está pronta para recomeçar, começar uma faculdade, mudar de emprego, trocar de casamento, "fazer o que ela bem entender da vida".

Atualmente, Galisteu faz acompanhamento período para analisar a necessidade reposição hormonal e ecomenda às mulheres, sobretudo, que busquem informação.

"Uma vez que você entende onde você está nesse lugar da menopausa, você começa a se acalmar já. Você sabe que você pode fazer um movimento. Reposição hormonal não é igual a câncer, existem hoje milhões de estudos comprovados, é preciso buscar um bom médico e entender a sua situação, ver onde é que você está nesse momento da vida na menopausa, encontrar um caminho para fazer o seu tratamento, seja com a reposição, com a suplementação, com a informação", completa.

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O conhecimento por trás dos sintomas

O ginecologista André Vinicius conta que Galisteu foi uma das pacientes mais desafiadoras que ele teve para o tratamento de menopausa. "Ela já tinha passado por outros profissionais, e a menopausa não foi muito fácil no caso dela. Dos 103 sintomas, tinha a grande maioria. Queríamos desconstruir essa ideia de que a menopausa da famosa é mais fácil, não é exatamente assim."

Com uma proposta de oferecer estratégias de autogerenciamento, o médico acredita que o conhecimento pode ser o primeiro passo para que as mulheres vivenciem essa etapa com o tratamento adequado.

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Médico André Vinícius defende que é preciso desmistificar a menopausa para homens e mulheres - Foto: @wallacediasfotografia

"Quando me procurou, ela estava acima do peso habitual, mesmo correndo 10 km por dia e mantendo o padrão alimentar. A menopausa trouxe resultados diferentes da década anterior", explica.

No livro, ele comenta um episódio em que Galisteu estava prestes a gravar um programa,  pronta para entrar ao vivo, quando de repente começou a se sentir mal, com sintomas graves de fogachos e suor, precisando refazer o cabelo e a maquiagem cinco minutos antes de entrar no palco.

"Noto que a mesma história se replica com outras  mulheres. Aconteceu com minha mãe, acontece com a mãe de várias pessoas que estão lendo agora", observa o médico.

Segundo ele, a ideia do livro é pegar dentro dessa infinidade de sintomas os principais para ela e que também acontecem com a maioria da população, e tentar explicar de forma prática e descomplicada o que fazer, com uma história que qualquer mulher possa se identificar.

Recomendações para os homens

Ele destaca ainda que o livro oferece páginas resumidas para os homens, que podem ser lidas por "maridos, parceiros, chefes e filhos', para que possam entender o que se passa com a mulher nessa fase. "Era o grande objetivo: desmistificar a menopausa para homens e mulheres em todos os cenários, personalizando Adriane como uma mulher forte que precisou se reinventar quando a menopausa bateu na porta dela", completa.

Apesar dos avanços na compreensão e tratamento da menopausa, André Vinícius reconhece que o acesso ao tratamento da menopausa, especialmente com terapia de reposição hormonal, ainda é restrito. "Hoje, a terapia de reposição hormonal é considerada um tratamento de elite, inacessível para muitas", diz ele, apontando para os altos custos associados a medicamentos essenciais e tratamentos de suporte. 

Nesse sentido, ele diz que foi convidado no mês passado pela Câmara dos Deputados para fazer parte do corpo médico que vai ajudar no desenvolvimento do projeto de lei que assegura que as mulheres tenham assistência ao diagnóstico e ao tratamento, aumentando a capacitação do sistema de saúde para identificar os sintomas. 

O médico cita que há menos de 50 mil profissionais dedicados ao tema e mais de 30 milhões de mulheres que estão no climatério e menopausa no Brasil.

O objetivo é que o projeto apresente mudanças para a estruturação dos cursos de medicina considerando a realidade do envelhecimento nas mulheres e também amplie o acesso no Sistema Único de Saúde (SUS), à terapia de reposição hormonal. "Atualmente, a maioria das cidades não disponibiliza a terapia de reposição hormonal no pacote básico de medicações do SUS".

Em pesquisa para o livro, ele viu que nas capitais do Nordeste o custo do tratamento de reposição de estradiol e progesterona é de R$ 150 a R$ 200 reais. Nas capitais do Sul e Sudeste, custa de R$ 200 a R$ 350 reais, o que considera alto, considerando o salário mínimo no Brasil. "E a menopausa, embora não seja uma doença, é um fator de risco para osteoporose, doença cardiovascular, sobrepeso e obesidade. Ou seja, dentro do tratamento, a mulher não vai precisar só da reposição, vai requerer suplementação, alimentos específicos, acesso a esportes", completa.

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