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Por Beatriz Duranzi
[email protected]São Paulo, 04/07/2025 - Um estudo do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP (Nupens), identificou variações marcantes no consumo de alimentos ultraprocessados pelos municípios brasileiros. Enquanto Aroeiras do Itaim (PI) registra 5,7% das calorias diárias vindas desses produtos, Florianópolis (SC) encabeça o ranking com 30,5%, quase um terço da dieta local.
O estudo foi publicado na Revista de Saúde Pública.
A pesquisa revela que os maiores índices estão concentrados no Sul do país. Em Santa Catarina, todas as cidades superam os 20%, com Florianópolis em 30,5%. Curitiba e Porto Alegre exibem participações de 26,3% e 26,6%, respectivamente. São Paulo e outras capitais do Sudeste giram em torno de 25%.
Em contraste, cidades do Norte, Nordeste e alguns pontos do Centro-Oeste, como o Piauí, Maranhão, Tocantins e Paraíba, tiveram índices baixos, entre 5,7% e cerca de 12%.
Um dos autores do estudo, Leandro Cacau destaca que dois fatores principais explicam essa heterogeneidade: urbanização e renda per capita. Municípios com mais moradores urbanos e aqueles em que pelo menos 15% da população ganha mais de cinco salários mínimos tendem a apresentar consumo de ultraprocessados acima de 20%.
Ainda segundo a análise, a menor presença desses produtos em áreas rurais não garante alimentação saudável, uma vez que essas regiões costumam consumir alimentos básicos, porém com pouca variedade de frutas, legumes e verduras.
O conceito foi desenvolvido pelo próprio Nupens com base na classificação Nova, que divide os alimentos em quatro grupos, de acordo com o processamento. Os ultraprocessados são o grupo mais industrializado, incluem: refrigerantes, salgadinhos, biscoitos, macarrão instantâneo, margarinas e muitos produtos similares, que combinam diversos aditivos e substitutos industriais.
Esses alimentos ultraprocessados não apenas são pobres em vitaminas, minerais e fibras, mas também oferecem consumo rápido e sabor altamente estimulante, o que agrava o impacto à saúde. Essa realidade destaca um dilema nacional: conveniência e palatabilidade x saúde pública. Políticas integradas de monitoramento e educação alimentar são caminhos para a promoção da alimentação saudável.
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