Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 14/10.2025 -- A prática regular de exercícios físicos, mesmo dentro de casa, pode trazer melhorias expressivas na mobilidade de pessoas com doença de Parkinson. É o que indica um estudo conduzido por um grupo internacional de cientistas, com coordenação da Mahidol University, na Tailândia, e participação de pesquisadores do Reino Unido e da Universidade de São Paulo (USP).
O trabalho avaliou os efeitos da combinação entre a Estimulação Magnética Transcraniana repetitiva (EMTr), uma técnica não invasiva que utiliza pulsos magnéticos para modular a atividade cerebral, e atividades físicas domiciliares.
Os resultados, publicados na revista Clinical Neurophysiology, apontam que os exercícios, mesmo sem sair de casa, já são capazes de melhorar significativamente a locomoção de pacientes com Parkinson.
Embora a EMTr tenha provocado alterações em marcadores cerebrais, como o aumento da excitabilidade cortical, resposta dos neurônios à estimulação, o estudo não encontrou evidências de que a técnica potencialize os efeitos clínicos obtidos com a prática física isolada.
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De acordo com Paulo Roberto Pereira Santiago, professor da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP-USP) e integrante da pesquisa, o objetivo era testar novas formas de amenizar as dificuldades motoras típicas do Parkinson.
A doença de Parkinson é uma condição neurológica causada pela degeneração de células na chamada substância negra, região do cérebro ligada ao controle dos movimentos.
Entre os sintomas mais comuns estão tremores, rigidez muscular, lentidão motora, desequilíbrio e alterações na fala e na escrita.
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 4 milhões de pessoas vivem atualmente com a doença no mundo, número que pode dobrar até 2040, impulsionado pelo envelhecimento populacional.
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O experimento foi realizado com 39 voluntários diagnosticados com Parkinson em estágios leve a moderado. Os participantes foram divididos em três grupos:
Nem os participantes nem os pesquisadores sabiam quem pertencia a qual grupo, característica de um ensaio clínico duplo cego e randomizado.
Durante oito semanas, os voluntários praticaram exercícios simples em casa, com foco em postura, respiração, alongamentos, rotações de tronco, equilíbrio e treino de marcha com curvas.
As sessões de EMTr foram realizadas em dez encontros, aplicando a estimulação na área motora suplementar, responsável pelo início e pela coordenação dos passos.
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Os dois grupos que realizaram os exercícios físicos apresentaram melhora significativa na mobilidade e na execução de curvas durante a marcha, em comparação ao grupo que não praticou atividade física.
Já a estimulação magnética, embora tenha mostrado efeito sobre a atividade cerebral, não trouxe ganhos clínicos adicionais.
Para Santiago, os achados reforçam a importância da atividade física no controle dos sintomas da doença e abrem caminho para novas investigações.
O pesquisador também destaca que o estudo reforça um ponto essencial: movimentar-se continua sendo uma das melhores estratégias para preservar a autonomia e a qualidade de vida das pessoas com Parkinson, mesmo sem sair de casa.
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