Medicação acessível pode reduzir risco de retorno do câncer colorretal

Foto: Envato Elements

O uso do medicamento em baixas doses foi capaz de reduzir em até 55% o risco - Foto: Envato Elements
O uso do medicamento em baixas doses foi capaz de reduzir em até 55% o risco

Por Beatriz Duranzi

redacao@viva.com.br
Publicado em 11/10/2025, às 12h05

São Paulo, 11/10/2025 - Uma simples dose diária de aspirina, o popular ácido acetilsalicílico, pode se tornar uma aliada poderosa contra o retorno do câncer colorretal

É o que revela um novo estudo conduzido por pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, e publicado no New England Journal of Medicine, uma das revistas médicas mais respeitadas do mundo.

De acordo com os cientistas, o uso contínuo do medicamento em baixas doses foi capaz de reduzir em até 55% o risco de recorrência do câncer em pacientes com alterações genéticas específicas associadas à doença.

Leia também: Pesquisa brasileira destaca papel da aspirina no pós-infarto

O estudo

A pesquisa envolveu mais de 3.500 pessoas diagnosticadas com câncer de cólon (estágios 2 e 3) ou câncer retal (estágios 1 a 3), todas portadoras de mutações em genes ligados à enzima PI3K, responsável por regular o crescimento e a divisão das células. 

Essas mutações estão presentes em cerca de 40% dos casos de câncer colorretal e estão associadas à multiplicação descontrolada de células tumorais.

Para o experimento, os participantes foram divididos em dois grupos: um deles recebeu 160 mg de aspirina por dia (equivalente a pouco menos de um terço de um comprimido comum de 500 mg), enquanto o outro recebeu um placebo.

Após três anos de acompanhamento, os resultados chamaram a atenção: apenas 7,7% dos pacientes que tomaram aspirina apresentaram retorno do câncer, contra taxas que variaram de 14,1% a 16,8% entre os que receberam placebo, uma diferença considerada estatisticamente significativa pelos pesquisadores.

Leia também: 9 descobertas acidentais que revolucionaram e transformaram a medicina

Possíveis explicações

Embora os resultados sejam promissores, os cientistas ainda não sabem exatamente como a aspirina atua na prevenção da recorrência tumoral. 

O Instituto Karolinska aponta algumas hipóteses: o medicamento pode reduzir a inflamação, inibir o crescimento de células cancerígenas e limitar a ação das plaquetas, que em alguns casos protegem o tumor e ajudam na disseminação da doença pelo organismo.

Segundo os pesquisadores, o estudo reforça a importância de compreender o papel de medicamentos já conhecidos em novas abordagens terapêuticas, especialmente quando se trata de uma droga de baixo custo e amplo acesso, como a aspirina.

Leia também: Saúde do coração: doenças cardiovasculares são mais silenciosas em mulheres

Uso sob orientação médica

Apesar dos resultados, os especialistas alertam que a automedicação não é recomendada. O uso contínuo de aspirina pode causar efeitos adversos, como sangramentos gastrointestinais. Por isso, qualquer tratamento deve ser feito sob orientação médica, especialmente em pacientes oncológicos.

O estudo abre caminho para novas pesquisas sobre o potencial da aspirina na prevenção secundária do câncer colorretal, uma das formas mais comuns da doença no mundo.

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Últimas Notícias