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Entenda o que é lipedema e qual a relação com a menopausa

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Lipedema compromete a mobilidade, a autoestima e o bem-estar, além de ter agravantes após a menopausa - Envato
Lipedema compromete a mobilidade, a autoestima e o bem-estar, além de ter agravantes após a menopausa
Bianca Bibiano
Por Bianca Bibiano bianca.bibiano@viva.com.br

Publicado em 02/12/2025, às 12h41

São Paulo, 02/12/2025 - O lipedema é uma condição crônica subdiagnosticada, que afeta principalmente mulheres, caracterizada pelo acúmulo doloroso de gordura nos braços e pernas, comprometendo mobilidade, autoestima e bem-estar.

Com sintomas agravados especialmente após a menopausa e muitas vezes confundido com obesidade, ela exige maior conscientização e um tratamento multidisciplinar para melhorar a qualidade de vida das pacientes. 

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Porém, segundo o cirurgião vascular Vinícius Bertoldi, diretor de Patrimônio da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional São Paulo (SBACV-SP), o lipedema ainda é subestimado e mal compreendido.“É uma condição com características próprias, que exige escuta qualificada", destaca, e completa:

"A falta de conhecimento entre profissionais de saúde, a sobreposição com outros quadros e a ausência de marcadores laboratoriais dificultam o diagnóstico. Muitas mulheres são tratadas apenas como pessoas com excesso de peso, quando, na verdade, convivem com uma doença que demanda acompanhamento adequado".

Ele explica que o lipedema atinge quase exclusivamente mulheres e costuma surgir em fases de intensas variações hormonais, como a puberdade, a gravidez e a menopausa. Estima-se que até 60% dos casos tenham histórico familiar, o que reforça o papel de fatores genéticos. Além disso, diferentemente da obesidade, a gordura associada à doença não responde bem à dieta ou à prática de exercícios. 

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No Brasil, estima-se que 9 milhões mulheres possam conviver com a condição, contudo, a subnotificação ainda é elevada e o médico diz que ampliar a visibilidade da doença é essencial:

“A conscientização precisa avançar, tanto entre os profissionais quanto entre as pacientes. Quem sente dor, hematomas frequentes e percebe gordura desproporcional em pernas e braços, que não melhora com dieta, deve procurar um cirurgião vascular. O diagnóstico precoce pode mudar vidas”, conclui.

A seguir, saiba mais detalhes sobre o lipedema:

O que é lipedema?

De acordo com a endocrinologista Fernanda Parra, o lipedema é uma condição crônica caracterizada pelo acúmulo anormal e desproporcional de gordura, geralmente nas pernas e, em alguns casos, nos braços.

Essa gordura tem comportamento diferente da gordura comum: ela é dolorosa, resistente à dieta e ao exercício, e tende a piorar ao longo dos anos. "É uma doença inflamatória e hereditária, mais frequente em mulheres e frequentemente confundida com obesidade ou linfedema", pontua.

Quais são os sintomas?

A endocrinologista explica que os sinais e sintomas mais característicos incluem:

  • Aumento de volume em pernas e/ou braços, de forma simétrica.
  • Dor ao toque ou sensação de peso nas áreas acometidas.
  • Facilidade para formar hematomas.
  • Pele com aspecto irregular, podendo apresentar nódulos subcutâneos.
  • Pés e mãos preservados (isso ajuda a diferenciar do linfedema).
  • Sensação de inchaço, mas com pouca resposta a diuréticos.
  • Progressão gradual ao longo dos anos.

Além disso, de acordo com o médico Vinícius Bertoldi, além do diagnóstico clínico a partir dos sintomas, exames como ultrassonografia com doppler e linfocintilografia ajudam a excluir outras condições.

"O impacto emocional da doença também é significativo. Baixa autoestima, ansiedade e depressão são comuns, agravadas pelo estigma social e pela falta de preparo da comunidade médica. Embora campanhas de conscientização tenham avançado, ainda não há diretrizes específicas no SUS, e muitos planos de saúde não cobrem o tratamento cirúrgico, mesmo diante da dor persistente e do comprometimento funcional."

Como o lipedema afeta mulheres acima de 50 anos?

De acordo com a médica Fernanda Parra, após os 50 anos, especialmente nas mulheres, há queda dos níveis de estrogênio com a chegada da menopausa. Isso pode acelerar a progressão do lipedema, além de aumentar a inflamação e intensificar dor, peso e cansaço nas pernas.

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Ela diz que isso também pode aumentar a dificuldade de mobilidade e prejudicar a qualidade de vida e favorecer o isolamento social, devido ao desconforto e às mudanças corporais. Além disso, indivíduos acima dos 50 podem apresentar outras condições associadas, como artrite, varizes, resistência insulínica, hipotireoidismo, que agravam sintomas.

"A boa notícia é que tratamento adequado em qualquer idade pode melhorar muito a dor, a funcionalidade e a autoestima."

Qual é o tratamento para lipedema?

Os dois especialistas entrevistados destacam que o tratamento do lipedema deve envolver uma abordagem multidisciplinar. Entre as estratégias mais usadas, eles citam:

1. Mudanças no estilo de vida

  • Alimentação anti-inflamatória (redução de ultraprocessados, açúcares e farinhas).
  • Exercícios como musculação, pilates, natação e outros realizados na água.
  • Controle do peso, apesar de o lipedema em si não responder totalmente à perda de peso.

2. Fisioterapia especializada

  • Drenagem linfática manual.
  • Terapia descongestiva complexa.
  • Uso de meias de compressão de grau adequado.

3. Tratamentos médicos

  • Orientação endocrinológica para controle metabólico e inflamatório.
  • Manejo de dor.
  • Avaliação de comorbidades (hipotireoidismo, resistência insulínica, varizes etc.).

4. Cirurgia

  • Em casos selecionados, pode-se indicar lipoaspiração com técnica tumescente, específica para lipedema, que remove o tecido gorduroso alterado, mas deve ser realizada apenas por profissionais experientes.

Lipedema tem cura?

Bertoldi diz que, apesar de não ter cura, o lipedema pode ser controlado por meio de tratamento multidisciplinar.

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Além dos pontos de tratamento destacado acima, ele afirma que os pacientes devem evitar dietas radicais, ricas em açúcar e gordura, procedimentos agressivos como a lipoaspiração convencional, inatividade física e uso prolongado de medicamentos do tipo corticosteroides sem indicação médica. 

"O estilo de vida tem papel essencial no controle dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida."

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