Facebook Viva Youtube Viva Instagram Viva Linkedin Viva

Movimento global pede que governos e OMS tratem menopausa como saúde pública

Envato

Especialistas lançam Power in Menopause, iniciativa para exigir ações coordenadas de saúde pública globalmente - Envato
Especialistas lançam Power in Menopause, iniciativa para exigir ações coordenadas de saúde pública globalmente

Por Luísa Giraldo, especial para o Viva

redacao@viva.com.br
Publicado em 28/10/2025, às 08h02

São Paulo, 27/10/2025 - A menopausa é uma realidade universal na vida das mulheres, especialmente após os 40 anos. No entanto, a saúde feminina foi sistematicamente negligenciada ao longo da história. Este ano, um movimento liderado por acadêmicos, médicos e líderes internacionais propõe uma mudança radical: a iniciativa “Power in Menopause” (O Poder na Menopausa, em tradução livre).

Lançada na sexta-feira, 24, a declaração global da iniciativa visa "romper o silêncio, acabar com a negligência e exigir ações coordenadas" para transformar a menopausa em prioridade para a saúde pública e um imperativo econômico. Em uma plataforma digital, o projeto desconstrói a perspectiva do processo biológico como doença e garante que todas as mulheres merecem “melhores ciência, cuidado e apoio” durante essa transição.

Leia também: Climatério e menopausa movimentam mercado milionário, aponta pesquisa

O cerne da campanha é o diagnóstico de uma falha sistêmica mundial. O projeto caracteriza a menopausa como uma transição de uma década que afetará mundialmente 1,2 bilhão de mulheres até 2030.

Além dos desafios do campo na saúde, a campanha destaca o impacto na produtividade global: a menopausa não tratada é uma questão econômica. Pesquisas citadas concluíram que os sintomas da menopausa levaram quase uma em cada quatro mulheres empregadas a considerar ou a abandonar seus empregos.

Crise silenciosa da menopausa

Quatro a cada cinco mulheres experimentam sintomas como ondas de calor, mudanças de humor, problemas de sono e perda de densidade óssea, afirma a entidade articuladora. No entanto, a maioria é forçada a tolerar os desconfortos de forma solitária.

A declaração "Power in Menopause" identifica quatro motivos que contribuem para a crise silenciosa:

  1. a falta de informação;
  2. o estigma;
  3. o sistema de saúde despreparado;
  4. e o subfinanciamento em pesquisa. 

A iniciativa reconhece que muitas mulheres recebem diagnósticos equivocados devido ao despreparo profissional.

Leia também: Especialistas comentam 7 mitos e fatos sobre a menopausa

O lançamento da iniciativa “Power in Menopause” ocorre em um período emblemático: durante o Mês de Conscientização da Menopausa, em outubro. A data foi criada pela International Menopause Society (IMS) com o objetivo de ser um lembrete global de empoderamento, desconstruir preconceitos e romper ciclos de desinformação sobre a saúde feminina.

Força-tarefa mundial

A declaração global da campanha é encabeçada por um grupo diversificado de líderes. Essa força-tarefa é multidisciplinar e reúne nomes influentes da saúde mundial, área acadêmica, diplomacia e mídia. Figuras de grande destaque incluem a ex-ministra de Moçambique Graça Machel, a diretora de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), María P. Neira, e a ex-cientista chefe da OMS, Soumya Swaminathan.

Leia também: Sintomas da menopausa são ignorados por 44% das brasileiras, revela pesquisa

Para reforçar a base científica, o painel conta com acadêmicas como Núria Casamitjana Badia, da Universidade de Barcelona, na Espanha, e Cynthia Berkley, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. O objetivo central da união de especialistas é transformar a abordagem sobre o tema e assegurar que a menopausa seja vista e tratada como uma questão de igualdade, social e econômica.

Ações exigidas de governos e empresas

O movimento “Power in Menopause” transformou sua missão em um apelo global à ação ao direcionar exigências concretas aos principais tomadores de decisão em quatro frentes:

  • Organização Mundial da Saúde (OMS);
  • Governos nacionais;
  • Instituições e profissionais de saúde;
  • Empresas.

A iniciativa cobra que a OMS adote uma abordagem de “curso de vida” para a menopausa ao estabelecer diretrizes claras e baseadas em evidências que possam orientar políticas públicas em escala global.

Simultaneamente, os governos nacionais são convocados a criar diretrizes internas, investir em pesquisa e, sobretudo, garantir que os tratamentos comprovados sejam cobertos pelos planos de saúde e acessíveis a todas as mulheres.

No âmbito da saúde, as instituições de treinamento e associações profissionais devem modernizar os currículos para refletir a ciência mais recente. O objetivo é preparar os médicos para um aconselhamento proativo com as pacientes.

Leia também: Menopausa: a nova conversa sobre envelhecimento, saúde e autonomia feminina

Por fim, no setor privado, as corporações são convocadas a incluir a menopausa nas políticas de saúde corporativa, treinamento e ambientes de trabalho como forma de reconhecimento do papel essencial dessa fase biológica, para que a maior parcela da força de trabalho feminina continue a prosperar.

A mensagem final da campanha é enfática: o sofrimento silencioso de metade da população mundial não pode mais ser tolerado. A iniciativa visa, portanto, construir um mundo em que a menopausa seja encarada com compreensão, tratamento e poder, e não com penalidade e dor.

Para ler e assinar a declaração global, acesse o site oficial da campanha Power in Menopause.

O que é a menopausa

A menopausa é definida pela OMS como o marco biológico que encerra a fase reprodutiva feminina. A relevância da condição foi reconhecida formalmente em 2022, com sua inclusão na Classificação Internacional de Doenças (CID). O movimento ajudou a enfatizar a importância da conscientização sobre os sintomas físicos e mentais.

Apesar da conexão direta, é importante diferenciar a menopausa do climatério. Termo mais conhecido pela população, ela descreve o evento de ausência da menstruação por 12 meses consecutivos. As mulheres brasileiras costumam entrar nessa fase entre 48 e 50 anos.

Leia também: Gabriela Duarte fala sobre menopausa: 'alterou meu estado de espírito'

Já o climatério, o período mais amplo dessa transição, abrange dos 40 aos 65 anos. Ele inclui a perimenopausa, marcada pelas manifestações iniciais de queda hormonal, como ciclos irregulares, e se estende até a pós-menopausa.

Os sinais dessa transição são vastos e variam entre as mulheres. Os sintomas mais reportados englobam ondas de calor, suores noturnos, alterações de sono, ressecamento vaginal e diminuição da libido. Também são comuns mudanças de humor, ganho de peso e dificuldade de concentração, fatores que impactam diretamente a qualidade de vida e a produtividade.

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Gostou? Compartilhe

Últimas Notícias