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Envelhecimento pode levar a problemas musculares e nos ossos; entenda

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Distúrbios musculoesqueléticos ligados ao avanço da idade custaram cerca de R$ 511 bilhões aos sistemas de saúde globalmente em 2021 - Envato
Distúrbios musculoesqueléticos ligados ao avanço da idade custaram cerca de R$ 511 bilhões aos sistemas de saúde globalmente em 2021
Bianca Bibiano
Por Bianca Bibiano bianca.bibiano@viva.com.br

Publicado em 20/11/2025, às 09h30

São Paulo, 20/11/2025 - O rápido envelhecimento populacional tornou-se um dos principais fatores para o aumento de doenças que afetam ossos, músculos e articulações. Uma pesquisa publicada este ano nos Anais das Doenças Reumáticas (Annals of the Rheumatic Diseases, em inglês) aponta que, entre 1990 e 2021, a mudança na estrutura etária foi o componente dominante para a elevação dos distúrbios musculoesqueléticos em cerca de um terço dos países analisados.

No Brasil, o cenário exige atenção. O Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a população com 65 anos ou mais cresceu 57,4% em apenas 12 anos, passando a representar 10,9% dos brasileiros. A mudança, uma das mais rápidas do mundo, está diretamente relacionada ao aumento de doenças ortopédicas e musculares entre idosos.

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Impacto bilionário e doenças mais afetadas

O estudo buscou isolar exclusivamente o peso do envelhecimento nessas doenças, desconsiderando o aumento populacional e outros fatores de risco. O resultado revela que distúrbios musculoesqueléticos ligados ao avanço da idade custaram US$ 96 bilhões (cerca de R$ 511 bilhões) aos sistemas de saúde globalmente em 2021.

Entre as condições mais impactadas estão osteoartrite, gota e artrite, todas listadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) entre as principais causas de incapacidade no mundo.

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Avançar na idade com qualidade é o grande desafio

A reumatologista e densitometrista Laura Mendonça, da clínica CDPI/Dasa, no Rio de Janeiro, reforça que o envelhecimento é inevitável, mas seus impactos podem ser reduzidos com estratégias adequadas.

"O envelhecimento populacional no Brasil e no mundo é um fato. O grande desafio hoje, contudo, é garantir que esses anos a mais sejam vividos com qualidade. Precisamos tratar a osteoporose e a osteoartrite não apenas como doenças da idade, mas como condições que podem ser mitigadas com acompanhamento proativo."

A especialista reforça que a prevenção começa antes da perda funcional. Exames laboratoriais e de imagem são essenciais para entender o estado ósseo e muscular.

"É possível utilizar exames laboratoriais para avaliar os níveis de cálcio e vitamina D no sangue, além dos marcadores autoimunes, da Proteína C Reativa (PCR), da Velocidade de Hemossedimentação (VHS), do Fator Reumatoide (FR) e outros, bem como os exames de imagem, como ressonância magnética, raios X e densitometria óssea, que podem contribuir com o diagnóstico precoce", explica.

Densitometria óssea e rastreamento

De acordo com a especialista, a densitometria óssea é um exame que ajuda a detectar osteoporose, sendo considerado uma das principais ferramentas preventivas contra a doença. O teste é indicado para mulheres a partir dos 65 anos e homens a partir dos 70 anos, mesmo sem fatores de risco aparentes, observa. A médica destaca ainda outros grupos que devem se manter atentos: 

"Mulheres na pós-menopausa ou homens acima de 50 anos com fatores de risco adicionais, como baixo peso, histórico familiar de fraturas ou uso crônico de certos medicamentos, como corticoides, também podem fazer o rastreio. Além disso, pessoas de qualquer idade que já sofreram fraturas por fragilidade ou que apresentam evidências radiográficas de perda de massa óssea devem investigar o quadro com o exame".

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Mapeamento genético amplia prevenção

Enquanto a população envelhece, novas tecnologias vêm ganhando protagonismo, como os testes genéticos que identificam predisposições individuais. Eles analisam características relacionadas à saúde musculoesquelética e à forma como o corpo absorve cálcio e vitamina D.

"Os testes analisam o DNA para identificar predisposições genéticas e características de saúde musculoesquelética, como a propensão à osteoporose ou a forma como o organismo processa e absorve o cálcio e a vitamina D", explica o geneticista Gustavo Guida, dos laboratórios Sérgio Franco e Bronstein.

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Para Guida, esse tipo de mapeamento permite agir antes que o problema apareça. "Com esse mapeamento genético, conseguimos ajustar a dieta, a suplementação e o tipo de atividade física muito antes que os primeiros sintomas se manifestem. Este é um caminho promissor para reduzir o risco de doenças crônicas ortopédicas, ter uma velhice saudável e, consequentemente, diminuir a sobrecarga nos sistemas de saúde", afirma.

Como se manter ativo e evitar lesões na maturidade

Além da genética e do acompanhamento médico, o estilo de vida desempenha papel crucial na prevenção de doenças musculoesqueléticas - especialmente após os 40 anos, quando mudanças fisiológicas começam a se intensificar.

Para o médico do esporte e especialista em lesões Abaeté Neto, a longevidade do corpo inclui fortalecimentos específicos para mobilidade articular, alongamentos frequentes e avaliações médicas periódicas. "Uma abordagem integrada é essencial para manter a performance e evitar sobrecargas. Além disso, a escuta ativa do corpo, dores persistentes, fadiga extrema e quedas de rendimento, é sinal de que algo precisa ser ajustado", completa.

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Ele explica que tendões, joelhos, ombros e coluna são regiões mais vulneráveis com o avanço da idade. "Terapias como fisioterapia preventiva, ondas de choque e magnetoterapia podem ajudar a aumentar a segurança durante a prática esportiva. São recursos que ajudam na regeneração tecidual e permitem que o atleta permaneça em atividade com mais segurança", destaca o especialista.

Hábitos como alimentação equilibrada, sono adequado, hidratação e manutenção da massa magra são determinantes para envelhecer com saúde. "O atleta maduro precisa entender que o desempenho está diretamente ligado ao estilo de vida. Dormir bem, alimentar-se corretamente e respeitar os limites do corpo é tão importante quanto o treino em si", completa Neto.

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