Primeira pessoa a viver até os 150 anos já nasceu, diz cientista de Harvard

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Pesquisas em genética e inteligência artificial apontam que viver até os 150 anos pode estar mais próximo do que imaginamos - Foto: Envato Elements
Pesquisas em genética e inteligência artificial apontam que viver até os 150 anos pode estar mais próximo do que imaginamos

Por Beatriz Duranzi

redacao@viva.com.br
Publicado em 01/09/2025, às 09h10 - Atualizado às 09h11

São Paulo, 01/09/2025 - Imagine um futuro em que, em vez de simplesmente envelhecer, você possa restaurar as células do corpo para uma versão mais jovem com uma única pílula como solução definitiva para a longevidade

Essa promessa, antes considerada ficção científica, vem ganhando corpo na pesquisa sobre longevidade, segundo o geneticista David Sinclair, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

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"Primeira pessoa que atingirá os 150 anos já nasceu”

David Sinclair, referência mundial em genética e longevidade, declarou em uma entrevista recente ao podcast ABC Radio National, que “a primeira pessoa que atingirá os 150 anos já nasceu”.

Apoiando-se em avanços científicos promissores em reprogramação epigenética a técnica que redefine o relógio biológico das células, restaurando traços dos tecidos juvenis. 

A próxima década pode trazer essas terapias para a clínica, com o uso restrito a doenças específicas como glaucoma ou perda de visão. 

Os primeiros testes em humanos devem ocorrer até 2026, com estimativa de custo entre US$ 300 mil e US$ 2 milhões por tratamento. 

A ideia, futuramente, é oferecer versões mais acessíveis, uma “pílula rejuvenescente”, potencialmente guiada por inteligência artificial até 2035.

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Como funciona a reprogramação das células?

A base dessa revolução está na teoria da informação do envelhecimento: ao longo do tempo, as células perdem a capacidade de ativar corretamente os genes, devido a falhas na “software epigenético”. 

Sinclair e sua equipe descobriram que ativar três genes específicos (fatores OSK) pode resetar esse sistema, rejuvenescendo células e tecidos de mamíferos como camundongos e macacos sem eliminar sua identidade original 

Em estudos com primatas, aplicação local dos genes restaurou aspectos da visão, sem sinais de tumores, um marco para a segurança da técnica. 

O objetivo inicial em humanos é tratar doenças oculares ainda em 2025, conforme planos com a FDA e a empresa Life Biosciences.

Debate científico e os desafios éticos

Apesar do entusiasmo, especialistas alertam para potenciais riscos e dilemas. Alguns criticam exageros na divulgação e questionam a segurança a longo prazo, incluindo riscos de câncer causados pela ativação excessiva de genes. 

Além disso, existe preocupação com a desigualdade de acesso: por seu custo elevado inicial, as tecnologias poderiam intensificar disparidades socioeconômicas. 

Muitos cientistas enfatizam que, mais que viver 150 anos, é essencial garantir qualidade de vida durante esses anos extras.

Enquanto isso, maneiras naturais de envelhecer com saúde

Mesmo com os avanços em reprogramação celular, a experiência mostra que longevidade não se constrói apenas em laboratório. 

Regiões chamadas de "zonas azuis" ou "blue zones", no inglês, como Okinawa (Japão), Sardenha (Itália) e Nicoya (Costa Rica), registram pessoas idosos e bem vivas graças a hábitos de vida saudáveis: alimentação equilibrada, vínculos sociais fortes, exercícios moderados e baixo estresse.

A expectativa média de vida global gira em torno de 73,4 anos, mas em países como o Japão ela ultrapassa 84 anos, um exemplo de como estilo de vida pode fazer diferença real.

A ideia de viver até os 150 anos, uma vez distante como fantasia, agora parece possível, embora envolta em debates científicos e éticos. 

Em paralelo, práticas tradicionais de bem-estar continuam sendo a forma mais comprovada de prolongar a vida com qualidade. Envelhecer melhor ou viver mais? Talvez a resposta esteja no equilíbrio entre ciência e estilo de vida.

Palavras-chave 150 anos longevidade saúde

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