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Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 08/10/2025 - Detectar o Alzheimer em seus estágios iniciais é um dos grandes desafios da medicina moderna. Agora, uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), nos Estados Unidos, trouxe novas perspectivas ao identificar quatro trajetórias distintas que podem levar ao desenvolvimento da doença.
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O estudo, publicado na revista científica eBioMedicine em julho, analisou mais de 25 mil registros médicos de cerca de 7 mil pacientes e concluiu que o Alzheimer não surge de um único fator isolado.
Em vez disso, ele pode se manifestar por diferentes progressões clínicas, que se acumulam ao longo do tempo e acabam comprometendo as funções cognitivas.
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Entre os caminhos mapeados pelos pesquisadores estão transtornos psiquiátricos, encefalopatias, doenças vasculares e o chamado comprometimento cognitivo leve, um estágio intermediário entre o envelhecimento normal e a demência.
De acordo com os especialistas, compreender essas diferentes rotas é essencial para melhorar o diagnóstico precoce e desenvolver terapias mais eficazes, já que os tratamentos atuais tendem a ter melhores resultados nas fases iniciais da doença.
Os cientistas observaram que esses caminhos não atuam de forma isolada, mas sim em sequência, como um efeito dominó, em que um fator desencadeia o outro.
Em aproximadamente 26% dos casos analisados, por exemplo, a hipertensão apareceu antes de episódios depressivos e do declínio cognitivo, mostrando que a ordem dos eventos pode influenciar o risco de desenvolver Alzheimer.
Além disso, os pesquisadores destacam que diferentes populações podem ser mais vulneráveis a determinadas rotas, dependendo de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida.
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Transtornos como depressão e ansiedade alteram os neurotransmissores e aumentam o estresse cerebral, o que leva a inflamação, desequilíbrio hormonal e redução de fatores de proteção dos neurônios. Esses processos podem acelerar o surgimento da demência.
Envolve condições que afetam o cérebro de forma difusa, como traumatismos cranianos, infecções, intoxicações e o uso prolongado de substâncias tóxicas. Esses eventos podem causar lentidão no raciocínio, lapsos de memória e perda de atenção, tornando o cérebro mais vulnerável à doença.
Aparece associada a hipertensão, diabetes, colesterol alto e doenças cardíacas. Esses fatores comprometem a circulação sanguínea cerebral e favorecem o acúmulo de proteínas anormais, ligadas à degeneração dos neurônios.
O comprometimento cognitivo leve é considerado a etapa de transição entre um cérebro saudável e um cérebro com demência. O indivíduo apresenta esquecimentos frequentes e pequenas falhas de memória, mas ainda mantém sua autonomia nas atividades diárias.
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Os autores do estudo reforçam que identificar precocemente qual dessas rotas um paciente está seguindo pode permitir intervenções mais personalizadas, voltadas a reduzir os danos e retardar o avanço da doença.
Para a comunidade científica, esse novo modelo de entendimento sobre o Alzheimer abre espaço para uma abordagem mais preventiva e integrada, considerando a saúde mental, vascular e neurológica como partes de um mesmo sistema em equilíbrio.
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