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São Paulo, 21/11/2025 - Com o avanço da idade e o aumento dos índices de sobrepeso e obesidade, a apneia obstrutiva do sono tornou-se uma condição cada vez mais comum entre os brasileiros. O distúrbio, que pode causar desde hipertensão até arritmias graves e acidentes, é um dos temas de destaque na 55ª edição do Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, que acontece desde ontem e termina amanhã em São Paulo.
Embora as pessoas associem uma noite mal dormida apenas ao cansaço no dia seguinte, especialistas palestrantes do evento alertam que o ronco contínuo pode ser um sinal importante de alerta. De acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), que promove o evento, em São Paulo, estima-se que 32,9% dos adultos convivam com a apneia do sono.
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A condição é muito conhecida pelo ronco noturno, mas vai além, sendo marcada por interrupções repetidas da respiração ao longo da noite, afirma a otorrinolaringologista Tatiana Vidigal, médica do sono do Hospital Sírio-Libanês e integrante da ABORL-CCF.
"Essas interrupções são pausas de segundos na respiração, provocam quedas nos níveis de oxigênio no sangue e exigem esforço extra do coração, que pode desencadear hipertensão, arritmias, risco elevado de infarto e Acidente Cerebral Vascular (AVC), além de piorar o controle glicêmico em pessoas com diabetes", explica.
Além disso, a médica reforça que os impactos da apneia não se restringem à saúde cardiovascular, com efeitos que incluem cansaço intenso, irritabilidade, menor produtividade, lapsos de atenção e maior chance de acidentes. Na avaliação da especialista, os sinais devem ser observados com atenção.
Entre os fatores que contribuem para o desenvolvimento da apneia estão o envelhecimento, o ganho de peso e alterações estruturais no nariz, garganta e esqueleto facial. Dados clínicos apresentados pela associação mostram que homens a partir dos 40 anos e mulheres após a menopausa têm mais probabilidade de desenvolver o distúrbio.
Crianças também podem ser afetadas, especialmente quando há aumento das amígdalas ou obstruções nas vias aéreas superiores.
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Vidigal recomenda atenção redobrada para quem ronca frequentemente, acorda cansado ou enfrenta dificuldade para manter o foco ao longo do dia.
"Pessoas que roncam frequentemente, acordam cansadas, têm dificuldade para perder peso e que perceberam que a concentração diminuiu devem procurar um otorrino, que investigará as causas respiratórias e as possíveis obstruções no nariz e na garganta, além de atuar no diagnóstico e no tratamento dos distúrbios do sono."
O diagnóstico é feito por meio da polissonografia, exame que monitora o sono à noite e identifica a gravidade da apneia, e o tratamento varia de acordo com o perfil e necessidade de cada paciente.
Entre os principais tipos de tratamento estão a Pressão Positiva Contínua das Vias Aéreas (CPAP), considerado um dos métodos mais eficazes para casos moderados e graves de apneia; os aparelhos orais, que ampliam o espaço da via aérea; e cirurgias nasais, de garganta e esqueléticas. "Mudanças comportamentais, como dormir de lado e perder peso também fazem a diferença", diz.
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